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quarta-feira, 6 de maio de 2009





Tipos de criança-problema

A criança “puxa-saco

É uma criança que faz as coisas para agradar o adulto e não porque goste de fazê-las ou do resultado direto da ação.

Para caracterizar uma criança como “puxa-saco” é preciso ter em mente que toda criança deveria ser puxa-saco até pelo menos os sete anos. Quer dizer, até a entrada no período operatório (por volta dos sete anos), a criança não tem capacidade de ter um julgamento moral por si só. O certo é o que agrada ao adulto.

Contudo, a criança deve ter espontaneidade. A partir do período pré-operatório (dois anos) a criança já tem gostos e preferências definidas e portanto deve sentir prazer em algumas tarefas e não em outras.

A criança “puxa-saco” diferencia-se das demais pela falta de espontaneidade (e portanto de criatividade), de exibir preferência própria e por um zelo excessivo em agradar aos adultos.

A criança “puxa-saco” é um problema frequentemento evitado pelos educadores e muitas vezes reforçado por eles, que consideram a criança boazinha. Quer dizer, o “puxa-saquismo” é altamente prejudicial para as crianças, mas pode ser benéfico para a professora, pois a criança “puxa-saco” não dá muito trabalho.

A causa é uma história de reforçamento extrínseco. A criança não teve oportunidade de experimentar o mundo por si só, com a garantia de que um adulto lhe dava apoio, segurança e ao mesmo tempo liberdade. A criança recebeu em sua vida instruções cujo seguimento foi cobrado rigidamente, geralmente com mais ênfase no processo do que no resultado.

Quando se dá reforçamento extrínseco para a criança (isso é, balas, parabéns, etc), ela deixa de fazer aquilo pelo seu próprio sabor.

Para lidar com a criança “puxa-saco”, o educador precisa gradualmente diminuir a premiação do comportamento que lhe agrada e oferecer para o educando opções: você quer brincar disso ou aquilo. No começo pode ser difícil, pois a criança vai tentar com que alguém decida por ela ou vai sortear a opção. Isso não vale, é preciso estimulá-la a desenvolver suas próprias preferências. Para comportamentos essenciais, como estudar, é importante um certo nível de premiação (“parabéns”), mas não se pode exagerar demais com isso.

A criança “bagunceira”

Para lidar com a criança bagunceira é preciso antes tentar entender por quê ela bagunça. Muitas podem ser as razões: chamar a atenção da professora, ou dos colegas. Pode ser que seja simples brincadeira, isto é, a criança esteja se divertindo sem a intenção de chamar a atenção de ninguém.

Se a intenção é chamar a atenção o caminho é fornecer maneiras da criança chamar atenção através de comportamento positivo (estudar, responder as perguntar da professora, ajudar nas tarefas da sala, ajudar os amiguinhos). A tendência é utilizar reforçamento extrínseco para isso, tornando a criança mais “puxa-saco”. Após essa fase, dever-se-á adotar os passos preconizados para lidar com a criança “puxa-saco” então.

Um caso muito comum é a da criança “bagunceira” que simplesmente brinca. Toda criança saudável deve brincar e às vezes essa brincadeira pode assumir a forma de “bagunça”.

Nesse caso, em primeiro lugar é necessário verificar se há outras oportunidades de brincar: se o recreio e a educação física estão funcionando, se há quintal na casa dela. Esse é o primeiro ponto. Veremos que muitas crianças são diagnosticadas erroneamente como hiperativas por extravasarem durante as aulas. Ou seja, crianças que recebem um diagnóstico errado, simplesmente porque bagunçam. Esse é um erro grave do qual os educadores devem se prevenir sempre. Não basta confiar no diagnóstico médico, pois este é precário. É importante verificar por si só por que e em que nível ocorre a “bagunça”. Um diagnóstico de hiperatividade é algo grave para a identidade do indivíduo, gerando um estigma, isto é, a criança diagnosticada passa a sofrer uma série de preconceitos que prejudicarão ainda mais seu aprendizado.

Em segundo lugar, é preciso ter um certo grau de tolerância. Não vale a pena tornar-se chato ou chata só por causa de um pouco de bagunça. Somente em casos graves, cabe uma intervenção mais séria.

Essa intervenção mais séria pode começar com um teste de surdez. Crianças surdas costumam bagunçar, pois não ouvem a aula e então não conseguem prestar a atenção. Outras hipóteses médicas podem ser testadas.

O importante é encarar a bagunça com naturalidade e oferecer oportunidades da criança extravasar de maneira adequada, através de jogos motores no início de cada aula, outros jogos interessantes, etc. Eventualmente, uma técnica que funciona em algumas situações é brincar também, entrar na brincadeira das crianças, ficar um pouco brincando e conduzir sutilmente de volta a atenção da turma para a atividade didática.

Alguns professores castigam crianças bagunceiras proibindo-as de irem brincar no recreio. Isso não é recomendado, pois a criança tende a ficar com mais energia ainda, além de raiva do educador.

Tampouco broncas extensas e repetitivas são recomendadas. Isso somente gera mais tédio (e portanto necessidade de descarregar mais energia), além de gerar antipatia das crianças pelo educador, o que prejudica a relação de ensino-aprendizagem.

A criança “apática”

É um dos casos mais graves, embora assim como a “puxa-saco” tenda a não chamar tanto a atenção dos educadores.

As crianças “apáticas” têm uma história de incontrolabilidade em suas vidas. É preciso ensiná-las a tomarem decisões com conseqüências. É preciso descobrir coisas de que elas gostem e estimulá-las a fazê-las.

A criança “sabe-tudo”

É a criança que tem resposta para tudo e não respeita o conhecimento dos educadores. Muitas vezes é mais problemática para o educador do que para si mesma, pois não é tão prejudicial para si, mas atrapalha as aulas.

É importante mostrar para essas crianças situações nas quais elas não estejam completamente certas e criar uma ordem para que todos possam falar, não somente ela. Por outro lado, é preciso valorizar os acertos da criança, mostrando-lhe seu valor.

A criança “do contra”

A criança “do contra” afronta diretamente o educador, testa os limites. Ela quer mandar. É um quadro bastante prejudicial.

É importante se aliar com a criança, de vez em quando seguir o sistema dela. “, não quer fazer isso, quer fazer o que então? Vamos fazer primeiro isso, depois fazemos o que você quer”. Por outro lado é importante criar situações em que ela possa se sentir bem fazendo as tarefas coletivas.

Não é bom “bater de frente” com a criança, disputar com ela, pois isso somente reforça animosidade.

A criança mentirosa

O cinismo vem de uma história de coerção. Crianças que são punidas com muito vigor e não tiveram compreensão aprendem a esconder o que aprontam. É preciso ter muito cuidado para não punir severamente demais essas crianças e conquistar uma relação de confiança na qual ela tenha oportunidade de reparar seus erros, sem maiores constrangimentos ou perdas. É importante de fato se preocupar e querer compartilhar de seus sentimentos, num processo lento que leva a criança a confiar no educador.

A criança violenta

É o caso que requer uma intervenção mais incisiva, pois prejudica os colegas.

Numa situação de agressividade, o primeiro passo é separar a briga, de preferência antes que descambe em violência.

A prevenção de acidentes tem prioridade sobre outras diretrizes. Crianças perto de janelas precisam ser afastadas imediatamente, com vigor, sem que percebam a intenção de afastá-las (o que pode precipitar um movimento mais brusco) ou de maneira suave quando se apostar que essa é a melhor tática, o que frequentemente não é. Da mesma foram, deve-se retirar das mãos ou da proximidade das crianças quaisquer objetos pontiagudos imediatamente. Na hora de atravessar a rua, deve-se sempre fazê-lo na faixa de pedestres, no sinal verde para pedestres, se possível com ajuda de alguém para parar o trânsito e segurar as crianças pelo braço ou no colo. É sempre mais prudente segurar o braço da criança do que deixar que ela lhe segure e segurando pela mão é mais fácil que ela escape do que se a segurarmos pelo braço. Somente em casos de crianças obedientes é que se pode confiar em atravessar com elas seguras pela mão.

No caso da criança violenta também não se pode dar brecha para o azar.

Depois é preciso entender os sentimentos que motivaram a criança ao comportamento, isto é, se houve provocação por parte dos colegas. Se houve, então é preciso ensinar maneiras de resolver as coisas, geralmente através da mediação dos educadores. A condição para isso é que os educadores realmente sejam capazes de fazer justiça.

Quando a agressividade parece não ter sido provocada, pode ser extravasamento de situações vividas em casa. Aí o caso é mais grave e requer acompanhamento com os pais. Em todo o caso, dentro da escola é importante que se coíba esse tipo de comportamento, se necessário através de punições. Em último caso a expulsão e a FEBEM podem ser um recurso necessário, embora altamente anti-pedagógico.





6 comentários:

  1. Muito interessante o assunto de vocês hein! hehehe

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  2. Muito bom..me identifiquei com a Criança mentirosa..euahuehaueh

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  3. Adorei o blog!! É muito interessante para os profissionais da educação, pois tem textos ótimos!
    Beijos, Patrícia

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  4. Belas reportagens e que interessa e muito para a problemática da educação infantil.E como trabalhamos num ambiente escolar nos confrontamos com todas estas situações e muitas vezes não conseguimos identificá-las ou sabemos e iguinoramos. Vou copiar e colocar a disposição dos meus colegas de escola.
    Parabéns. Elizardo.

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